ALGUNS METROS ABAIXO DA SUPERFÍCIE DO MAR
Assim como a invenção pela Rolex de uma caixa impermeável foi motivada pela evolução dos estilos de vida, o design e o desenvolvimento de relógios de pulso destinados ao mergulho respondem às necessidades dos profissionais dessa atividade. Assim, em 1953, a marca lançou o Submariner, primeiro relógio de pulso de mergulho com impermeabilidade garantida até 100 metros de profundidade. Este relógio é munido de uma luneta giratória com um disco graduado que permite aos mergulhadores monitorar o tempo passado sob a água, ajudando-os assim a administrar suas reservas de gases respiratórios. A segurança da caixa Oyster foi reforçada graças a uma coroa aprimorada. Batizada de Twinlock, essa coroa rosqueada é dotada de duas zonas de impermeabilidade. Esse princípio foi ainda aperfeiçoado em 1970, com a adição de uma zona de impermeabilidade suplementar, dando origem então à coroa Triplock. Os ponteiros e os indicadores são, por sua vez, recobertos de material luminescente, tornando possível a leitura da hora na penumbra submarina. Depois disso, a Rolex encarou outros desafios técnicos, de modo a tornar o Submariner impermeável até 200 metros de profundidade em 1954, e até 300 metros em 1989 na versão com função de data. A versão com função de data, lançada em 1969, é impermeável até 300 metros desde 1979.
A Rolex foi uma das primeiras empresas a apoiar personalidades excepcionais em suas conquistas, ciente de que isso seria benéfico para ambas as partes. Colaborando com exploradores especialmente ao equipar suas expedições com relógios Oyster, Hans Wilsdorf vê o mundo como um laboratório a céu aberto. A fim de testar a confiabilidade de seus relógios, a Rolex passou a fornecê-los para que mergulhadores profissionais os usassem em suas missões. A marca coleta suas impressões e sugestões de melhorias ergonômicas ou técnicas. Essa abordagem, desde então, tornou-se parte integrante do processo de desenvolvimento da Rolex. A marca escolheu colaborar, entre outros, com o fotógrafo submarino, engenheiro e explorador francês Dimitri Rebikoff para testar o Submariner. Em cinco meses, ele realizou nada menos que 132 missões de mergulho usando um exemplar desse relógio, que ele levou a profundidades entre 12 e 60 metros. O relatório que ele forneceu à marca foi muito positivo: “Este relógio não apenas funcionou de modo plenamente satisfatório em condições de mergulho extremamente severas e particularmente letais para o material utilizado, como também se revelou um auxiliar indispensável para qualquer mergulho em escafandro autônomo”. Dimitri Rebikoff enfatiza particularmente a utilidade da luneta giratória graduada, que contribui grandemente para a segurança dos mergulhadores, pois ela lhes permite gerenciar o tempo passado sob a água. Ele também destaca a robustez do relógio, que resistiu a vários impactos e passou um tempo considerável dentro da água do mar.
DESCOBRINDO OS ABISMOS
Certos projetos científicos e expedições realizados no meio submarino se apresentam como oportunidades ideais para a Rolex testar seus relógios em condições reais. Essa foi uma das razões pelas quais a marca se uniu, em 1960, à expedição do oceanógrafo suíço Jacques Piccard e do tenente da marinha estadunidense Don Walsh. Em 23 de janeiro, a bordo do batiscafo
Trieste — projetado pelo pai de Jacques, o físico e explorador suíço Auguste Piccard, com quem a Rolex mantinha relações desde o início dos anos 1950 —, Jacques Piccard e Don Walsh realizaram a façanha de descer à parte mais funda dos oceanos, a Fossa das Marianas, situada no Oceano Pacífico. No exterior do submersível foi acoplado um relógio Rolex experimental batizado de Deep Sea Special, que acompanhou os dois homens até a profundidade extrema de 10.916 metros. O vidro desse relógio apresenta uma forma similar à de uma semiesfera, de modo a poder suportar a pressão colossal que se exerce sobre ele a tal profundidade. Quando o
Trieste retornou à superfície após cerca de oito horas e meia de mergulho, o relógio estava em perfeito estado de funcionamento, o que validou as escolhas técnicas feitas pela marca durante o projeto. Outra expedição como essa não foi repetida senão décadas depois.